sábado, 5 de junho de 2010

Entre a razão, o sentido e a paixão – o outsider em Weber

Ninguém pode colocar em xeque o espírito fugidio de Maximillion Weber. Acusado de muita coisa, de defensor de uma sociologia ‘obediente ao status quo’ (Adorno e Horkheimer), de político frustrado, até ‘teórico da burguesia’, como muitos dos chamados teóricos do marxismo vulgar insistiram por tanto tempo em caracterizá-lo, Weber foi, por essência, um outsider.

Considerado o patriarca da modernidade, ao lado de Karl Marx e Émile Durkheim, o criador da Sociologia da Burocracia parecia querer desviar-se das grandes narrativas que caracterizaram o projeto civilizatório instaurado pelas “Luzes” e que afirmava a razão e o método científico – as certezas – como as únicas fontes de conhecimento válido, rejeitando qualquer concepção do mundo derivada dos subjetivismos humanos. Enquanto ousou sinalizar para as certezas da modernidade com a indesejável presença do imponderável, esta afirmava a necessidade de acachapar as subjetividades, demandando uma inflexível confiança na verdade absoluta de todos os aspectos da vida humana. Se não foi impossível ao outsider andar ao largo da racionalidade moderna, ele soube, como poucos, perseguir o ‘sentido’ de seu tempo sem ignorar a ‘paixão’ que o possibilitara.

O pioneirismo de Weber no enfrentamento do conceito de classe marxista, desmembrando os trabalhadores em classe A, classe B, classe C, etc, é ilustrativo do que se está procurando mostrar aqui. Para ele, o conflito existia, era permanente e ocorria intra-classe, entre as pessoas, independentemente de seu status. Para o segundo, ele se dava extra-classe, entre a burguesia e o proletariado.



Daí que, na compreensão moderna marxiana, a solidariedade da classe operária transformaria globalmente as estruturas sócio-econômicas, enquanto que para o ceticismo antimoderno de Weber, tal solidariedade se fazia impossível. O acidente dos valores culturais, materializados sob a forma de origem e condição social, opção sexual, cor da pele, estilo de vida, padrões de comportamento, religião, estaria muito mais tendente a realizar tal solidariedade (ou o conflito) do que uma suposta justaposição de classe e, ainda assim, permeados pelas incertezas do imponderável que cercam as ações humanas.

O pensador alemão soube melhor do que ninguém distanciar-se da cientific madness (fixação científica) que caracterizou a alta modernidade de sua época. O professor das Universidades de Friburgo e de Heidelberg defendeu uma ciência baseada na racionalidade máxima, como tem de ser, recortada, porém, pelas emoções, paixões e intimidades dos sujeitos sociais que são imateriais, impalpáveis, e abstratas (particularmente ao se tratar das ciências culturais, como a sociologia). “Contrário a uma ciência a serviço de qualquer doutrina partidária, política, religiosa ou moral, a teoria do conhecimento weberiana, afirma Menezes, é fundada na recusa da admissão dos valores, dos sistemas preordenados, das totalidades como ponto de partida da ciência” (P. 235).

Nesse tipo de ciência, o pesquisador, mais do que qualquer outro elemento, é movido antes pela paixão da descoberta, cedendo espaço para as coisas que fogem à mera racionalidade. A única interferência do sujeito da investigação na pesquisa que Weber admite haver são suas próprias perspectivas, ou seja, os sentidos que, à luz de suas convicções pessoais, ele, o sujeito da investigação, atribui às ações sociais para delas extrair uma conclusão.

À frente de seu tempo, o autor de A ética protestante e o espírito do capitalismo entrega ao estudioso das ciências sociais uma árdua tarefa, ou melhor, um desafio: o de fazer ciência sem se apaixonar pelo objeto estudado. Isso para que tal paixão não interfira no resultado final da pesquisa. Não è que o criador de A teoria das estruturas de autoridade recuse terminantemente a racionalidade moderna como guião-mor do pesquisador (ou do pesquisado), mas, ao defender o status de ciências para as ciências sociais, argumenta que o homem não é dotado somente de razão. A paixão, muitas vezes, é o que condiciona as ações humanas. Assim como nas ações sociais, as interferências estão presentes o tempo todo na pesquisa científica, não em seu resultado, mas nas escolhas feitas pelo pesquisador. A rigor, é o ângulo escolhido para abordar determinado assunto que implica tal interferência, jamais o resultado obtido.

De acordo com a percepção de Weber, ao cientista cabe, pois, procurar atingir o máximo de neutralidade possível na investigação científica, sob pena de descaracterizar o sentido científico desta. “Weber”, interpreta R. Lazarte, “busca a objetividade no saber sobre a sociedade, mas não considera possível o conhecimento sem relação com nossos valores. Existe, sim, uma centralidade do valor na sociologia weberiana” (P. 99), Embora o cientista seja movido por valores, ele deve entender que a investigação deve ser científica, ou seja, ele deve se render a evidencia dos dados, nunca distorce-los.

Enquanto outros pensadores modernos defenderão um papel de vanguarda para as ciências da cultura na transformação das estruturas sociais, Weber escreve que as ciências sociais a nada servem senão para que se possam conhecer as razões pelas quais as pessoas agem dessa ou daquela forma na sociedade. Isso equivale a dizer que é tarefa dessas ciências ‘captar as singularidades’ (emoções, paixões e intimidades), os sentidos subjetivos (imateriais, impalpáveis, e abstratos) das ações sociais, que são materiais, palpáveis, e objetivas.



Nas palavras de R. Lazarte: “a compreensão do sentido da ação social, objetivo da sociologia compreensiva, reconhece no “objeto” de estudo sua dimensão subjetiva (os motivos), essencial para sua adequada explicação. Ao mesmo tempo, reconhece a dimensão subjetiva (valores e interesses) do investigador, como elemento fundamental da compreensão sociológica, distante das pretensões de “objetividade” que pressupõem a sua eliminação como pré-requisito indispensável para garantir a “cientificidade” da mesma” (P. 90). Captar os sentidos subjetivos das ações dos sujeitos sociais é, pois, a tarefa primeira da sociologia. Verificar se o “sentido” é justo ou válido não é objeto da sociologia, mas identificar qual é este sentido e compreender seu emprego. É necessário, pois, o não julgamento, mas a busca das conseqüências das ações sociais.

O que faz de Weber um outsider, não é o fato de ele ter sido um dos modernos fundadores da sociologia, papel que coube também a Karl Marx, Vilfredo Pareto e Emile Durkheim. Seu diferencial foi propor um ‘olhar desencantador’ para as ciências sem a esperança moderna de encontrar nelas (supostas) verdades absolutas. Para o pensador alemão, as ciências, de um modo geral, possibilitam ao pesquisador avizinhar-se de fragmentos da realidade, nada mais que isso. Como bem observou Augusto S. Silva: “o mundo que pretendemos representar é infinito, quer em extensão, quer em intensidade [como demandou Weber]: tão impossível se tornaria dar conta da infinita variedade de fenômenos nele contidos como da infinita variedade de elementos e de aspectos de um único fenômeno aparente, fenomenal – e não no universo metafísico das essências, dos “números”, ou das causas primeiras. Mas mesmo essa realidade empírica se revela inatingível na sua totalidade e na sua verdade – o conhecimento sendo sempre aproximativo e fragmentário” (P. 45).

Como tão bem interpreta R. Lazarte: “A perspectiva interpretativa do cientista é necessariamente unilateral por sua relação com seus valores. Dessa forma, afasta-se a pretensão de qualquer leitura do real que se queira total, última, final. A inesgotabilidade do real, sustentada com insistência pelo autor [Weber], estabelece o conhecimento científico da sociedade em uma postura humilde: a sua superação permanente é uma condição da sua existência. O autor recusava a possibilidade de perspectivas interpretativas do acontecer histórico-social que pretendesse explicar esse devir a partir de ‘fatores em última instância determinantes’. E, se algum marxista quis reivindicar para si a posse da “maneira correta” de interpretar definitivamente o social, é contra ela que se insurge o autor. A realidade da vida, para ele, não pode ser deduzida a partir de ‘leis’ e ‘fatores’” (P. 92). Em suma, para o pensador alemão, múltiplos pontos de vista são possíveis, e cabe ao pesquisador, segundo seus valores pessoais, a tarefa de determinar que “olhar” aplicar ao objeto estudado.

Weber lembra que as sociedades humanas são movidas por valores, tanto de caráter pessoal quanto cultural, que incidem sobre as ações dos homens. Tais ações somente podem ser explicadas num contexto específico, onde os valores, comuns a toda a sociedade, são transmitidos de acordo com sua importância cultural. São esses valores que guiam os homens nesta ou naquela direção, e não supostas determinações estabelecidas pela dinâmica da história – como queriam os positivistas e os adeptos do materialismo histórico dialético (estes ao limitar o motor da história à luta de classes). Os positivistas seguem uma linha de pré-determinação para o progresso, por exemplo: do teológico para o carismático e, daí, para o racional. Os marxistas fazem o mesmo, pois é mera prática moderna, considerando o avanço do modo de produção antigo para o feudalismo e, daí, para o capitalismo e, então, para o socialismo, que é a base fundamental para o progresso.

O autor do ensaio A Política como Vocação opunha-se drasticamente à atribuição causal de fatores que agissem como causas únicas determinantes do devenir histórico. Ao contrário dos positivistas e marxistas, dos modernos, portanto, ele não fala em “progresso”, mas em acumulação de conhecimento. Como acentuou R. Lazarte: “os valores a partir dos quais faz sentido o empreendimento científico, a busca do saber, nada têm de racional, pertencem à esfera do querer, da escolha pessoal, dos afetos, das crenças das paixões. A ilusão do positivismo sociológico consistiu em colocar nos ombros da ciência a responsabilidade de conduzir os homens, a humanidade, para um “mundo feliz” de progresso e tecnologia [e, em certa medida também o fez o materialismo histórico dialético]” (P. 111).

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Weber coloca um dilema para o cientista da cultura, que é o fato de os ‘valores’, além de não terem validade universal (como nada na vida tem), serem de difícil fundamentação científica. Mesmo contando com certa evidência empírica, No caso deles, dos valores, não se pode proceder como na análise de seres inanimados (chuva, frio, etc), que não são dotados de “sentido”. Ao contrário das ciências naturais, há nas ciências da cultura muito de emotivo, de passional, enfim, de irracional. Daí a dificuldade de se realizar uma análise da totalidade dos fatos nessas ciências. Nelas não há certezas absolutas, mas aproximações e eternas hipóteses, realizadas através da tentativa de identificação dos sentidos das ações humanas, porque assentadas nas subjetividades.

A julgar por tudo que foi dito acima, Weber entende que a ciência empírica não deve dizer ao homem o que fazer. Ela não pode ser avaliativa, mas analisar nas ações sociais – recortadas por valores culturais e pessoais – o processo de tomada de decisões. As ciências não devem sugerir aos homens como proceder; não pode ser entendida como dogma, mas deve indicar aos homens os possíveis caminhos para a superação dos problemas.

O cientista não deve determinar o rumo da história; até porque tal rumo não existe. O rumo da história será dado pelos seres históricos dotados de racionalidade, sempre cercado pelo imponderável. A história é o resultado das ações humanas imaginadas (determinadas). Mas ela é também resultante de ações inimaginadas (não determinadas) Toda a ação histórica é baseada em escolhas, recortadas pelos valores individuais e coletivos, pelos sentidos subjetivos.

Para uma compreensão mais abrangente do fenômeno estudado, Weber ensina que a tarefa do cientista social é dupla: ele deve estabelecer, antes, conexões de sentido e, então, relações causais. Weber distingue, assim, três procedimentos intelectuais: interpretar, compreender, explicar. As relações de sentido devem colocar ao pesquisador qual foi o motivo de dada ação. Deve ainda se perguntar qual foi o resultado de dada ação social, ou seja, realizar relações causais (de causa e efeito).

Nas palavras de A. Silva: “Entre a razão e o sentido (dois nomes, dois símbolos para dois complexos sistemas intelectuais), é o estatuto teórico e prático das ciências sociais que se interroga, é uma dinâmica de pesquisa produtiva que procura consolidar. O programa de Durkheim explora até ao limite as virtualidades do racionalismo, alicerça a investigação nos direitos e nos poderes de uma Razão soberana. Weber problematiza mais do que afirma, em busca do ponto de equilíbrio entre os valores e a ciência, a compreensão e a explicação da ação, em busca de uma forma analítica de dar conta do sentido do mundo e do sentido dessa análise para o mundo. Mas como – do lado de Durkheim – compatibilizar as regras do saber positivo com a interpretação de fatos e atributos carregados de sentido, com representações e valores? E – do lado de Weber – como assumir a presença dos pressupostos éticos, o lugar matricial da cultura, a polarização analítica no singular e no individual: como assumir todos esses indícios das fronteiras da razão no interior da ciência, o discurso mais racional que o Ocidente pôde produzir?” (P. 63). A ciência social repousa, pois, sobre premissas de valor, sobre escolhas e decisões subjetivas, mas mantêm a validade universal dos processos de demonstração que emprega e das regras de demonstração a que obedece – e neles fundamenta a objetividade dos resultados que produz.

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Para possibilitar que se realize tal proeza, Weber sugere que como instrumento de análise inicial, o pesquisador se utilize de um artifício de apropriação cognitiva do real bastante eficiente – pelo qual passariam praticamente todos os estudos metodológicos posteriores e que orientaria os pesquisadores sociais na ‘construção de hipóteses’ – e convencionalmente denominado por ele de criação de um “tipo ideal”. É este meio metodológico que possibilita a criação de uma ponte que permite unir o componente subjetivo (que não pode ser encontrado na realidade) e o conhecimento empírico, para estabelecer o significado cultural dos fenômenos e para formular proposições empíricas sobre eles.

Como interpreta A. Silva: “o processo de apropriação cognitiva do real, não corresponde, pois a uma reprodução fotográfica, mas sim a uma construção intelectual” (P. 45.) A realidade existe a partir de meu ponto de vista ou de outro cientista (fundamentação teórica) que me serve como fonte secundária. Na compreensão de R. Lazarte: “o conceito weberiano do tipo ideal, não apenas não contêm a realidade como tampouco a cópia. Apenas pretende representa-la conceitualmente de maneiras unívocas destinadas a serem superadas. Os valores em que se fundamentam nossos pontos de vista impõe a necessidade de uma constante construção de novos conceitos para tentar tornar compreensível aquela parcela do acontecer histórico-social que nos resulta significativa por sua relação com esses mesmos valores” (P. 93). Ainda que fruto da imaginação, os tipos ideais se fundamentam no conhecimento já existente, através dos quais se tenta abordar a realidade empírica.

Para Weber, o analista deve conhecer profundamente o objeto cujo detalhe pretende destacar. De caráter provisório, os tipos ideais seriam, pois, a elaboração de um conceito que deve estar muito próximo da realidade. Eles são utilizados pelo analista para se compreender quais são as condicionantes culturais necessárias para que haja isso ou aquilo (o capitalismo, a democracia) na sociedade. Ser democrata ou capitalista é ter esta ou aquela mentalidade dadas as circunstâncias históricas e aos valores historicamente adquiridos. Por isso se diz que as pesquisas sociais têm cunho qualitativo, ou seja, estão interessadas na “essência” da ação social e não na ação social por ela mesma. Nas palavras do outsider,

A sociologia constrói (...) tipos ideais e procura descobrir regras gerais do acontecer. Em oposição à história, que se esforça em conseguir a análise e a imputação causal das personalidades, das estruturas e das ações individuais consideradas culturalmente importantes. A construção conceitual da sociologia encontra o seu material paradigmático, de maneira essencial, mas não de maneira exclusiva, nas realidades da ação consideradas também importantes a partir do ponto de vista da história. Ela constrói também os seus conceitos e busca as suas leis com o propósito, sobretudo, de poder prestar um serviço para a imputação causal histórica dos fenômenos cultualmente importantes. (R. Lazarte 1996:73)

O tipo ideal não é, pois, outra coisa senão uma construção intelectual, orientada pelos valores do sujeito da investigação para captar as características peculiares do objeto da investigação. Ainda que contaminado pela interferência dos valores do cientista, é a singularidade do fenômeno – fragmentos de fragmentos da realidade – que se busca retratar. Por isso, explicações causais nunca refletem a totalidade dos fenômenos. Ao contrário, elas ignoram os aspectos particulares de valor subjetivo dos quais os sujeitos da análise estão impregnados.

Nas palavras de P. Breiner: “Os tipos ideais de Weber não são meras instâncias de ação social e política. Eles são os construtores dos contextos no qual ocorre a ação social e política e as formas de ação disponíveis nesses contextos. Weber enfatiza que os tipos ideais selecionam as características distintivas das constelações sociais e que eles registram tanto o significado quanto as conseqüências das ações através e dentro dessas formas de ação. Além disso, estes contextos tipicamente idealizados não são meras descrições da realidade, mas construções conscientes de variados pontos de vista (...) tipos ideais nos ajudam a analisar os porquês de nós agirmos como agimos; os porquês de nós defendermos esta posição e não aquela; os porquês de nós sermos socialistas, pacifistas e não o contrário. Há sempre algum interesse que nos move nesta ou naquela posição e esta posição que nós tomamos é “determinada por nossos valores culturais (e individuais)”(P. 09).

É exatamente essa somatória das relações causais com as relações de sentido, implícita nas entrelinhas da fala de Breiner, que resulta nada menos do que naquilo que ficaria conhecido como conceitos (a democracia, por exemplo). Estes, por sua vez, são instrumentos (como se opera a democracia no Brasil) necessários para se abordar a realidade, imprescindíveis para a tentativa de compreensão daquilo que ao cientista interessa investigar (a concepção de democracia segundo os olhos dos brasileiros). E a pesquisa almeja verificar a veracidade das hipóteses levantadas inicialmente pelo cientista (há um caráter essencialmente antidemocrático intrínseco ao elemento brasileiro que tem contribuído para a incompletude da cidadania no país, por exemplo) que é, em verdade, o objetivo final do estudo realizado.

Como ensina Lazarte, “a explicitação de Weber acerca das características desse tipo especial de conceito, que é o “tipo ideal”, vem de encontro à nossa interpretação: o tipo ideal tem sua realidade no pensamento, e é ideal apenas neste sentido (sem qualquer caráter exemplar ou normativo). Não pretende copiar a realidade nem contê-la, e sim reunir, em uma espécie de individualidade abstrata, um cosmos de relações em si não-contraditório, num conjunto de relações e processos empíricos que se nos apresentam como significativos. (...) Aqui queremos frisar novamente que para Weber os significados são criados e não descobertos. Não há outras leis que as que construímos com o nosso pensamento. Nenhuma teleologia, nenhum determinismo. Não encontramos no mundo outro significado que aquele que nós mesmos pusemos ali” (P. 43).

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Não parece exagerado conferir a Max Weber tamanha importância, como se procurou fazer aqui. Trata-se de um dos nomes mais citados em teses acadêmicas mundo afora. Isso porque Weber soube entender, desde cedo e como pouquíssimos, que os seres humanos são seres dotados de razão, mas também de paixão, e a compreensão do sentido de suas ações passa pela consideração destes dois fatores. O que se quis enfatizar, entretanto, foi muito mais o desempenho do pensador alemão enquanto alguém que jogou o duplo papel, de astro e de espectador, de vítima e de algoz, de professor e de aluno, enfim, do indivíduo que ‘corre por fora’, sem estar dentro nem fora do jogo da modernidade; numa palavra, o papel do outsider.



Bibliografia de apoio

BREINER, P., Max Weber & democratic politics. Cornell Uni. Press. Londres. 1996.

FREUND, Julien, Sociologie de Max Weber. P.U.F. Paris. 1966.

LAZARTE, Rolando, “Max Weber: ciência e valores”. Cortez ed. SP. 1996.

MENEZES, Marilde L. de, Convicção e responsabilidade no campo científico.

SAINT-PIERRE, Héctor Luis – Max Weber – Entre a Paixão e a Razão, Editora Unicamp, Campinas, 2004

SILVA, Augusto Santos, Entre a razão e o sentido, ed. Afrontamento, Porto, 2001.

SOUZA, Jessé (org.) – A atualidade de Max Weber, Editora da Universidade de Brasília, Brasília, 2000.

WEBER, Max, Ensaios de sociologia contemporânea. Cortez Ed. Buenos Aires. 1996.

_______________ Metodologia das Ciências Sociais, Cortez Editora e Editora da Unicamp, São Paulo, 1993.

_______________ A Ciência como Vocação, in Mills, Wright e Gerth, Hans – Max Weber – Ensaios de Sociologia, Zahar Editores, Rio de Janeiro, 1971.

_______________ Origem do Capitalismo Moderno, in coleção Os Pensadores, Editora Abril, São Paulo, 1980.

_______________ A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Biblioteca Pioneira de Ciências Sociais, São Paulo, 1976.

Venceslau Alves de Souza

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